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Castrar ou não castrar, eis a questão



A castração é um assunto que sempre deixa uma pulga atrás da orelha de todo proprietário de ratos. Então, esta matéria vai ajudar você a entender o que é, quais benefícios trás e também os contras de se castrar seus ratos de estimação.



Castração de machos


Em machos a castração não oferece benefícios significativos a saúde deles, mas existem alguns casos que ela pode ser necessária:

  • O rato está apresentando comportamentos de agressividade que não eram presentes antes: Alguns ratos podem apresentar problemas hormonais entre 6 meses e 1 ano que causam comportamentos de agressividade severa com você e / ou os demais ratos da gaiola, atacando geralmente as costas e a bolsa escrotal. Este comportamento só será eliminado com a castração, que nestes casos é obrigatória, ou ele acabará ferindo você sériamente e poderá acabar matando um companheiro de gaiola. Após a castração, o comportamento voltará ao normal entre 6 e 8 semanas e neste período ele deve estar separado da colônia.

  • Você pretende ter um rato macho em uma colônia de fêmeas. Atenção: o macho castrado torna-se infértil somente três semanas após a cirurgia.

  • Se você tem um macho junto com uma fêmea castrada e ele fica tentando acasalar com ela o tempo todo, deixando a rata estressada.

  • A castração irá prevenir o tumor de testículo, mas é importante o tutor saber que este tipo de tumor é extremamente raro e a cirurgia de castração pode ser realizada juntamente a retirada do tumor.

Então, podemos afirmar que a castração em machos envolve mais questões comportamentais, do que benefícios de saúde. Uma coisa que você irá observar apos a castração de um macho é que a "gordura do reprodutor" é reduzida. Esta gordura é aquela mancha amarela que pode ser observada na pele das costas de alguns machos (principalmente nos mais dominantes), que é causada pelo excesso de testosterona (equivalente as espinhas de meninos adolescentes... rs). Isso pode, por sua vez, afetar o cheiro do seu rato e você notará que seus outros ratos irão ficar muito intrigados com isso, cheirando bastante o rato castrado e checando suas partes muitas vezes.


A castração de machos é pouco invasiva, envolve poucos pontos e a recuperação é bem tranquila. Abscessos podem aparecer no local da cirurgia, mas eles são facilmente resolvidos.


Embora tranquila a cirurgia de castração não deve ser feita sem motivo, pois temos que considerar que qualquer cirurgia envolve riscos. Cabe ao tutor pesar na balança se vale a pena correr o risco de perder seu pet apenas por capricho.


Castração de fêmeas


Em fêmeas a castração pode oferecer mais benefícios a saúde e nenhum benefício comportamental. Vou explicar os prós e contras da castração em fêmeas e em quais circunstâncias estes benefícios são realmente alcançados.


Castração aumenta a expectativa de vida?

Em ratos não! Pelo menos não um aumento realmente considerável. Um estudo que media o aumento da expectativa de vida de ratos castrados x não castrados mostrou que o aumento da expectativa de vida das ratas foram de apenas 3 meses em comparação as não castradas (isso com ratos de laboratório). Esta expectativa é superada se for comparar com ratos com alimentação regrada x ratos com alimentação livre, onde ratos com alimentação regrada (entre 12 e 15g de ração rato/dia) tem uma expectativa de vida aumentada em 6 meses, se comparada aos de alimentação livre.

Os estudos laboratoriais querem provar que a esterilização está associada a taxas de sobrevivência mais altas e a uma vida média mais longa.

Outro estudo - Hotchkiss (1995) - comparou o número de fêmeas não esterilizadas que desenvolveram tumores mamários X o número de fêmeas esterilizadas que desenvolveram tumores mamários. Os resultados são: 49% das ratas não esterilizadas desenvolveram tumores mamários benignos, 8,2% desenvolveram carcinomas mamários e 66% desenvolveram tumores hipofisários, enquanto apenas 4% das ratas esterilizadas desenvolveram tumores mamários benignos, nenhuma desenvolveu carcinomas mamários e 4% desenvolveram tumores hipofisários.

Hotchkiss (1995) observou que 89% dos ratos esterilizados viveram até os 21 meses de idade, enquanto apenas 59% dos ratos não esterilizados viveram até essa idade.

Porém, os ratos não esterilizados que morreram antes de 21 meses não morreram em decorrencia de seus tumores mamários, embora alguns tivessem complicações de tumores hipofisários. Não foi informado o motivo de morte dos ratos não esterilizados. Todos os ratos Hotchkiss foram sacrificados aos 21 meses, então não sabemos quanto tempo eles (castrados e não castrados) teriam vivido além disso.

Este tipo de estudos em ratos de laboratórios, não podem ser totalmente considerados para ratos domésticos, pois algumas linhagens de laboratório são geneticamente criadas para desenvolverem tumores precoces e todos os membros da linhagem são geneticamente relacionados. Mas os ratos de estimação não são ratos de laboratório, onde sua variedade genética não é consistente como nas linhagens de laboratório.

Temos que considerar também que os hormônios administrados durante o período de três meses durante este estudo laboratorial podem influenciar a incidência dos tumores, ou seja, estes hormonios obrigaram o corpo destes animais a produzirem tumores.

Outro fator que não nos permite dizer que a afirmação de que a castração realmente aumenta a expectativa de vida é que nos exames de laboratório os animais foram abatidos com 1 ano e 9 meses (a maioria dos ratos vivem mais de 2 anos), não sendo possivel ter uma perspectiva real da longevidade dos dois grupos, pois foi relatado nos estudos que os animais castrados tinham apenas uma probabilidade de viver mais, ou seja, a castração não garante aumento na expectativa de vida dos ratos.


Então, quais os reais benefícios da castração em fêmeas?

Diminuição da chance de terem tumores hormonais (nunca será 0 chances e mais para frente explicarei o porque). Neste ponto eu peço uma atenção especial, pois a castração não diminuirá a chance da sua rata ter todos os tumores, mas apenas os tumores de ordem hormonal.

Elimina chance de tumores e cistos de útero e ovário (visto que ela não terá mais ovários, nem útero).

Elimina o risco de piometra.


Quando esta castração é eficiente e elimina a chance de tumores nas fêmeas?

Para que as ratas não tenham chance de desenvolverem tumores hormonais, a castração deve ser feita antes de seu primeiro cio, o que torna esta castração impossível, por conta de seu tamanho e risco, já que entram no cio por volta de 45 dias. A castração entre 2 e 4 meses de vida irá causar uma redução significativa nas chances, se tornando cada vez menor a medida que a rata envelhece, mas sempre causará uma redução na possibilidade, mesmo em ratas mais velhas.

Mas a castração não faz milagres e o tutor precisa saber que:

  1. Só haverá redução da chance de tumores hormonais. Se sua rata tiver predisposição genética a ter tumores não hormonais, a castração não afetará em nada o aparecimento destes tumores.

  2. Mesmo castrada, sua rata poderá desenvolver tumores hormonais, pois não há eliminação total da possibilidade, apenas redução.

  3. Tumores mamários quase sempre são benígnos e não causam metastase.

  4. Não é por que sua rata não foi castrada que ela terá um tumor, há uma chance (quase 50 / 50), não uma certeza.

  5. A cirurgia é extremamente invasia, cara e a taxa de mortalidade não é baixa, o tutor deve considerar se está pronto para perder uma rata jovem pela possibilidade dela ter algo, ou se deve castrar apenas caso ela apresente um tumor hormonal.


Quais os tumores hormonais?

Antes de falarmos quais os tumores hormonais, é importante saber que a razão da esterilização reduzir a incidência de tumores hormonais está diretamente relacionada aos níveis hormonais.

O estrogênio estimula o crescimento e a atividade das células hipofisárias quando não é neutralizado por altos níveis de progesterona. À medida que as ratas envelhecem e chegam à menopausa (por volta de 18 meses), seus níveis de progesterona caem, o que permite que o estrogênio atue com mais força na glândula pituitária. Os ovários são a principal fonte de estrogênio. A hipófise produz prolactina , um hormônio que estimula as glândulas mamárias. Não se sabe se o estrogênio causa tumores mamários diretamente ou por superestimulação da glândula pituitária.


- Tumores mamários

O tumor mamário benigno é o tumor mais comum em ratas e são estimulados pelo estrogênio. Eles ocorrem mais comumente depois que uma rata para de ovular, por volta dos 18 meses de idade. As localizações mais comuns para este tipo de tumor são nas axilas, na região do abdômen ou virilha, no peito e próximo à vulva e ânus. Examine sempre seus ratos, apalpando eles gentilmente, para que seja possível identificar este tipo de tumor o mais cedo possível.

Os tumores benignos são nódulos localizados logo abaixo da pele que parecem soltos da musculatura. Se um tumor parecer firmemente aderido a algo, isso pode ser um sinal de que é um tumor maligno, embora alguns tipos de tumores benignos possam estar aderidos.

Os tumores mamários tem um formato arredondado e crescem bastante e rapidamente, não é incomum ver tutores dizerem que no dia anterior, ele não estava lá, mas provavelmente este tutor não estava fazendo uma checagem muito minuciosa e só percebeu quando ele começou a se projetar. Um tumor mamário maligno tende a ser menor e não crescer tão rápido. A única maneira de diagnosticar corretamente o tipo de tumor da sua rata é por biópsia, que significa remover a massa e submetê-la a um laboratório para avaliação.

Infelizmente, tumores mamários benignos são muito comuns em fêmeas, e é possível que tenham vários durante a vida, ao mesmo tempo ou um após o outro.

Quanto mais cedo o tumor for retirado, mais fácil a cirurgia e recuperação da rata e se sua rata não for previamente castrada, a castração deve ser feita junto da retirada do tumor. Este tumor pode voltar a aparecer, mesmo com a castração.


- Tumor hipofisário ou tumor pituitário

A glândula pituitária, também conhecida como hipófise é uma pequena glândula endócrina que fica logo abaixo do cérebro. É ela que estimula e controla a produção de hormônios de outras glândulas endócrinas. Essas glândulas, por sua vez, regulam uma variedade de processos corporais, como atividade metabólica, reprodução e crescimento. As glândulas endócrinas expelem suas secreções diretamente no sangue, ao contrário das glândulas exócrinas, como as glândulas sudoríparas.

Outro tipo de tumor hormonal em ratos é um adenoma (tumor benigno) da glândula pituitária. Um tumor hipofisário não é tão óbvio quanto um tumor mamário, pois cresce dentro do crânio. À medida que o tumor cresce, ele pressiona o cérebro e, causa comprometimento neurológico. Os sintomas podem aparecer lentamente, por um período de alguns dias ou semanas, ou rapidamente.

O primeiro sintoma que seu rato apresenta um tumor de hipófise é a perda de coordenação, geralmente dos braços (você nota que o rato possui dificuldade para segurar a comida), tropeços, rigidez ou dificuldade de flexionar os bracinhos e dedos. Outros sintomas que podem ser observados são: pupilas desiguais, inclinação da cabeça, convulsão, perda de visão, mudança do comportamento (agressão, ou docilidade extrema), pressionar ou bater a cabeça (como se estivesse com enxaqueca), pele fina, sede excessiva ou diminuição excessiva na ingestão de líquidos, urina em grande quantidade e bastante diluída, desidratação. Você pode notar vários destes sintomas ou apenas poucos dependendo muito da área do cerebro afetada.

Não existe cirurgia para o tumor da hipófise e muitos veterinários aqui no Brasil não são capazes de detectar este tipo de tumor que é praticamente diagnosticado por sintomas ou ressonancia magnética (caríssimo e poucos locais fazem em ratos). Existe tratamento para este tumor, que causa sua diminuição e consequentemente aumento na expectativa de vida, mas o tratamento nem sempre é bem-sucedido e raramente os veterinários detectam e passam o tratamento correto (em todos os casos de tumor da pituitária que eu vi até hoje, nenhum veterinário passou tratamento correto - com inibidor de prolactina e pouquissimos fizeram o diagnóstico corretamente).

Segundo estudos, foi relatado que a incidência deste tumor em ratos fêmeas não esterilizadas foi de 20% e em ratos machos 7%. Estudos científicos mostram que esterilizar ratos reduz a chance de um tumor hipofisário em apenas 4%.


- Cistos no ovário

Cistos ovarianos / uterinos / endometriais podem variar em tamanho e tipo. Eles podem ser cistos de retenção contendo líquido claro ou cistos dermóides que podem crescer lentamente e são preenchidos com líquido sebáceo amarelo espesso junto com pelo parcialmente desenvolvido, dentes e tecido ósseo (em casos de prenhez). Eles também podem ser um tumor (cistadenoma mucinoso) que pode crescer bastante e pressionar a cavidade pélvica abdominal, distendendo o abdômen, e se tornar maligno. Estes tipos de cistos podem não ser fáceis de detectar, pois estão dentro do corpo. Apalpe sempre gentilmente a barriga de suas ratas, que deve ser macia ao toque, se observar qualquer massa ou mesmo alteração, leve ao veterinário urgentemente para avaliação. Outro sintoma que pode aparecer, dependendo do tipo de cisto é sangramento vaginal ou secreção de pus ou pus com sangue.

O tratamento para este tipo de tumor, é a castração.


Castrar ou não castrar precocemente?


Esta é uma decisão muito pessoal e cabe ao tutor avaliar com o que ele conseguirá lidar melhor.

Alguns tutores não gostam da ideia de submeter um animal pequeno a uma cirurgia de grande porte quando não há nada de errado com ele, apenas para prevenir um problema de saúde potencial, incerto e muitas vezes facilmente solucionável no futuro. Para eles, a prevenção é pior do que a doença.

Outros preferem castrar para garantir que seu rato tenha uma vida com menos chances de desenvolverem tumores hormonais. Para estes tutores, a prevenção cirurgica em um rato jovem saudável é melhor do que arriscar problemas no futuro, mesmo sabendo que há risco de morte na cirurgia.

Vamos fazer agora considerações do que envolve a castração, isso poderá ajudar você a decidir o melhor caminho a seguir com seus animais.


Quando castrar?

Em qualquer idade, a esterilização reduzirá os níveis de estrogênio, mas é melhor esterilizar ratas em uma idade jovem - entre 2 e 4 meses. Porém, o estudo de 1966 com ratos de laboratório aponta que os tumores mamários freqüentemente regridem quando o rato é esterilizado, então a castração também é benéfica em ratas mais velhas. Por isso, se você tiver uma rata que desenvolveu um tumor mamário, quando for removê-lo cirurgicamente, também deve solicitar ao veterinário que a castração seja feita ao mesmo tempo, para ajudar a prevenir tumores futuros.

Se suas ratas são idosas é importante fazer exames e conversar francamente com o veterinário, pois ele será a melhor pessoa para dizer se a cirurgia em um animal idoso é segura ou não, sempre analisando todo perfil clínico do animal.


O que envolve uma cirurgia de esterilização?

Este procedimento cirúrgico é feito sob anestesia geral. Os ratos não fazem jejum na noite anterior à cirurgia por conta de seu metabolismo e digestão serem muito mais rápidos do que de cães e gatos, por exemplo.

Seu veterinário fará um exame físico em seu rato antes da cirurgia e pode recomendar exames pré-cirúrgicos. Esses exames permitem que o veterinário avalie a saúde geral do rato, garantindo menores riscos à anestesia.

A operação é realizada por meio de uma incisão no meio do abdômen em fêmeas e uma pequena incisão na bolsa escrotal em machos.

Os ovários e o útero(fêmeas) ou testículos (machos) são totalmente removidos.


Cuidados pós-operatórios

Em alguns casos, o veterinário aplicará analgésicos em seu rato de forma que você não precise oferecer mais em casa, mas cabe ao tutor observar se há sinais de dor e caso note, ligue para o veterinário e peça recomendação de analgésicos orais que podem ser oferecidos. Cada animal possui uma sensibilidade diferente e uns sentirão muito mais incomodo que outros.

Mantenha seu rato em ambiente limpo e silencioso no primeiro dia (caso ele tenha sido liberado logo após a cirurgia).

Mantenha a roupa cirurgica e se necessário faça um cone, pois a chance dos ratos mexerem nos pontos é muito alta. Caso eles abram muito a sutura, retorne imediatamente ao veterinário.

Um rato deve se alimentar e beber normalmente entre 12-24 horas após a operação. Se o seu rato não estiver se alimentando bem, você pode precisar alimentá-lo com uma seringa.

Inspecione e avalie seu rato e a incisão várias vezes ao dia, e relate quaisquer alterações relacionadas a mudanças de comportamento, apetite, bebida, micção e defecação ao seu veterinário.

Seu veterinário irá solicitar retorno para verificar a cicatrização da incisão entre 7 a 10 dias após ela ir para casa.

Quais complicações podem acontecer na esterilização?

Como acontece com qualquer procedimento anestésico ou cirúrgico, em qualquer espécie, há sempre um risco associado à anestesia. Para minimizar os riscos, é importante seguir todas as instruções pré-operatórias do seu veterinário e relatar qualquer sinal de doença ou condições médicas anteriores ao seu veterinário antes do dia da cirurgia.

As complicações potenciais podem incluir:

Reação anestésica . Qualquer animal pode ter uma reação adversa inesperada a qualquer medicamento ou anestésico. Essas reações não podem ser previstas, e a chance de ocorrer depende muito do tipo de anestésico utilizado.

Sangramento interno . Isso pode ocorrer cortando e manipulando órgãos internos e vasos sanguíneos. O sangramento interno pós-operatório é raro e os sinais a serem observados incluem fraqueza, gengivas pálidas, depressão / apatia, falta de apetite ou abdômen distendido. Se você observar algum desses sinais em seu rato, retorne ao veterinário imediatamente.

Infecção pós-operatória . As infecções podem ocorrer internamente, onde órgãos e vasos sanguíneos foram manipulados, ou externamente, ao redor do local da incisão. A infecção geralmente pode ser tratada com antibióticos e aplicação de compressas quentes na incisão se ela estiver inchada. As infecções ocorrem mais comumente quando o animal lambe excessivamente o local da cirurgia ou é mantido em um ambiente úmido e sujo. Monitore o local da cirurgia várias vezes ao dia para verificar se há inchaço, vermelhidão, reabertura e presença de pus ou outra secreção.

Reação de sutura ou formação de abscesso. Isso ocorre em alguns animais que são sensíveis a certos tipos de material de sutura usado durante a cirurgia. Neste caso o tecido reage à sutura e desenvolve feridas ou abscessos que aparecem semanas após a cirurgia. Outro procedimento pode ser necessário para remover o material de sutura e corrigir o problema.


Não temos uma estatística exata de quantos animais morrem em cirurgias preventivas x quantos morrem em cirurgias necessárias, mas sabemos que o número de mortes no cirurgico e pós cirurgico não são baixas.


Quando não castrar:

  • Se o seu rato tiver doença respiratória ou algum problema no coração pré existente, o veterinário deverá avaliar se a cirurgia é ou não muito arriscada. Se a doença respiratória for leve, seu rato receberá um tratamento com antibióticos antes da cirurgia, se for grave, a cirurgia envolverá um risco altíssimo para eles.

  • Se sua rata estiver no cio. Ratas geralmente entram no cio a cada 4-5 dias. A cirurgia de esterilização realizada dois a três dias após o cio é o ideal.

  • Se você não conseguir encontrar um veterinário que seja experiente e competente com esterilização de ratos, principalmente das fêmeas que é uma cirurgia muito mais perigosa e envasiva. Dito isso, não procure pelo melhor preço e sim pelo melhor profissional, as vezes o barato custa caro.


Experimento por observação feito em ratos domésticos esterilizados


Este experimento foi retirado do site da ratbehavior e vou traduzir abaixo, pois foi o único que encontrei a respeito de ratos domésticos, que como falado acima, não podemos nos basear apenas em estudos realizados com ratos de laboratório.

Segue abaixo:


Castração e incidência de tumor em uma população de ratos de estimação: um experimento natural

Introdução A maioria dos dados nesta página da web sobre esterilização e tumores em ratos vem de estudos em ratos de laboratório. Estudos de laboratório controlados e randomizados fornecem informações úteis sobre problemas de saúde de ratos e os efeitos das condições de teste. No entanto, também é útil ter dados sobre os próprios ratos de estimação. Recentemente, recebi dados sobre esterilização e desenvolvimento de tumor em ratos de estimação (Joanne Bouchard com . Pess. ). Eu executei algumas estatísticas descritivas e analíticas sobre os dados e tenho permissão para compartilhar os resultados aqui. Métodos A Sra. Bouchard resgata ratos no Canadá e me forneceu os históricos de caso completos de 33 ratos fêmeas. Esses ratos foram esterilizados entre as idades de 1 a 21 meses. Os históricos de seus tumores foram registrados e, depois que morreram, foram realizadas necropsias para determinar a causa da morte. Esses dados vêm de um experimento natural. Não existem ratos fêmeas não esterilizados nesta população, portanto não existe um grupo de controle natural. No entanto, algumas comparações dentro do grupo esterilizado são possíveis. Realizei um teste de qui-quadrado nestesruposg e, devido ao pequeno tamanho da amostra, apliquei a correção de Yates para a continuidade quando garantido. Usei uma calculadora da web para realizar o teste Qui-quadrado (Preacher 2001).

Resultados e discussão Quantos ratos desenvolvem tumores após a esterilização? Entre os 33 ratos que morreram, 15,2% dos ratos desenvolveram tumores mamários após a esterilização (5 de 33). Características dos tumores pós-esterilização Os ratos do grupo de falecidos que desenvolveram tumores pós-esterilização tenderam a desenvolver apenas um tumor (média: 1,2 tumores por rato; quatro ratos desenvolveram um tumor, um rato desenvolveu dois). Estes tumores pós-esterilização ocorreram relativamente tarde na vida (idade mediana de ocorrência do tumor após esterilização: 23 meses; intervalo de 15-31 meses) e permaneceram de tamanho pequeno. Todos os cinco ratos que desenvolveram tumores pós-esterilização morreram de causas não relacionadas aos seus tumores mamários (micoplasma (2), câncer genital (2) e múltiplos cistos nas orelhas (1)). Nenhum dos ratos que estão vivos atualmente desenvolveu tumores pós-esterilização. Idade na cirurgia de esterilização e tumores pós-esterilização Os ratos esterilizados em idades mais jovens tenderam a ter menos probabilidade de desenvolver tumores mais tarde na vida do que aqueles esterilizados mais tarde, mas essas diferenças não foram estatisticamente significativas. No entanto, o número de ratos envolvidos aqui é muito pequeno, então ainda não podemos concluir que a idade de esterilização não tem efeito. Especificamente, nenhum dos onze ratos esterilizados em 2-9 meses desenvolveu tumores mamários em qualquer momento de suas vidas. Dos dez ratos esterilizados entre 10 e 15 meses, três (30%) desenvolveram um tumor pós-esterilização cada. Dos doze ratos esterilizados entre 18 e 21 meses, dois (16,7%) desenvolveram tumores mamários (X2 = 3,701, p = 0,16).

Ter um tumor espontâneo antes da esterilização aumenta as chances de ocorrer um tumor após a esterilização? Seis dos 33 ratos falecidos foram submetidos a uma cirurgia de tumor / esterilização, o que significa que já haviam desenvolvido tumores espontâneos que foram removidos durante a cirurgia de esterilização. Esses seis ratos com tumor / esterilização tinham idades entre 12-21 meses quando foram submetidos às cirurgias. Destes ratos, dois (33,3%) desenvolveram mais tumores após a cirurgia de esterilização. Dos doze ratos que tinham 12 meses ou mais quando foram esterilizados e não desenvolveram tumores antes da cirurgia de esterilização, dois (16,7%) desenvolveram tumores posteriormente. O impacto do tumor pré-esterilização não foi significativo. Os grupos tumor / esterilização e esterilização não diferiram em suas chances de desenvolver um tumor mais tarde na vida (Yates 'X2 = 0,04, p = 0,84).

Idade e causa da morte dos ratos esterilizados Os 33 ratos falecidos morreram com uma idade média de 26,3 meses (intervalo 11-41 meses). Quarenta e dois por cento dos ratos morreram de micoplasma (14 de 33; 42,4%), enquanto quase um quarto morreu de tumores hipofisários (8 de 33; 24,2%). Dois ratos morreram de câncer genital (6,1%) e dois de velhice (6,1%). Vinte e um por cento (7 de 33; 21,2%) morreram de outras causas (cistos no ouvido, hemorragia interna, câncer de pele, acidentes vasculares cerebrais, tumor maligno no cólon, crescimento envolvendo pâncreas e omento, abscesso dentário). Tumores hipofisários Oito dos ratos morreram de tumores hipofisários. Destes ratos, três foram esterilizados aos 2 meses, dois aos 8 meses, um aos 10 meses, um aos 18 meses e um aos 21 meses.

Conclusão 15,2% dos ratos mortos esterilizados desenvolveram tumores após a esterilização. Os tumores que apareceram surgiram relativamente tarde na vida (cerca de 23 meses) e permaneceram de tamanho pequeno. Nenhum dos ratos que desenvolveram tumores pós-esterilização morreu como resultado de seus tumores mamários. Há uma pequena tendência de uma esterilização no início da vida ser mais eficaz na prevenção de tumores mamários posteriores do que uma esterilização mais tarde na vida, mas essa tendência não é estatisticamente significativa. Por último, os ratos que fizeram operações combinadas de tumor / esterilização não têm maior probabilidade de desenvolver tumores mais tarde na vida do que os ratos que não desenvolveram tumores antes da cirurgia de esterilização.


Estudo retirado e traduzido de: http://www.ratbehavior.org/SpayTumorIncidencePetRat.html


Tratamentos não cirúrgicos


Durante minhas pesquisas eu encontrei estas informações em um site de um hospital veterinário e achei bastante interessante para compartilhar com vocês, pois diz respeito a tratamentos alternativos não cirurgicos que podem ser utilizados principalmente como prevenção e também nos ratinhos que por algum outro problema de saúde, não podem ser operados.


Ácido linoléico conjugado (CLA)

O ácido linoleico conjugado (CLA) é um lipídeo presente na carne e leite de bovinos. Este composto demonstrou tratar e prevenir tumores mamários cancerosos induzidos (não tumores naturais) em laboratório. O CLA demonstrou inclusive ajudar os ratos a perder peso. Quando administrados 75 mg por dia, a gordura corporal dos ratos foi reduzida em 23%.


DHEA

O DHEA (desidroepiandrosterona) é um hormônio que é produzido naturalmente pelas glândulas suprarrenais e que é responsável por participar na produção de hormônios sexuais, como testosterona e estrogênio.

Outro estudo descobriu que o DHEA administrado em uma dose de 6-12 mg / dia protegeu contra tumores mamários cancerosos induzidos.


Curcumina

A curcumina é a substância ativa da cúrcuma (planta comumente utilizada culinária indiana), sendo de cor amarelo-ouro e sabor picante. A cúrcuma também é conhecida como açafrão-da-terra, açafrão-da-índia, turmérico, raiz-de-sol e gengibre amarelo.

Vários estudos mostram que a administração de curcumina, reduz os tumores induzidos em laboratório. Ela foi administrada na quantidade de 150 mg por dia.


Cartilagem de tubarão

Segundo estudos, a cartilagem de tubarão pode ajudar a prevenir a formação de novos vasos sanguíneos, que os tumores precisam para crescer. Ela deve ter sua administração iniciada assim que notar o tumor. Não é recomendado utilizar para tumores maiores que uma bola de gude, porque pode fazer com que o tumor morra e se torne necrótico. O tratamento indicado é de 360 mg / lb por dia misturado à comida. Pode funcionar melhor quando combinado com a coenzima Q-10 (tente 0,2 mg / dia) e tamoxifeno.


Como eu informei acima, as informações sobre estes suplementos naturais foram retirados do site de um hospital veterinário. Não indico que ninguém faça o tratamento sozinho e nunca mediquem seus animais por conta. Se seu ratinho se enquadra nos animais que não podem ser operados, converse com seu veterinário sobre estas alternativas. Referencias: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8118808/ - O ácido linoléico conjugado suprime a carcinogênese mamária e a atividade proliferativa da glândula mamária no rato

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6413010/ - Efeitos do ácido linoléico conjugado no câncer, obesidade e aterosclerose: uma revisão de estudos pré-clínicos e humanos com perspectivas atuais

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16617690/ - Efeitos benéficos e colaterais do DHEA: verdadeiros efeitos antienvelhecimento e promoção da idade, bem como efeitos anticâncer e promotores do câncer de DHEA avaliados a partir dos efeitos sobre os telômeros de células normais e cancerosas e outros parâmetros

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3024302/ - Inibição do desenvolvimento do tumor por desidroepiandrosterona e esteróides relacionados

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6835707/ - Curcumina e câncer

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2758121/ - Curcumina e células cancerosas: de quantas maneiras a curcuma pode matar células tumorais seletivamente?

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10844870/ - Terapia de captura de nêutrons de boro do gliossarcoma 9L de rato: avaliação dos efeitos da cartilagem de tubarão

https://nutrizing.co.nz/content/uploads/2016/03/shark_cartilage_powder.pdf - Inhibition of Angiogenesis by Oral Ingestion of Powdered Shark Cartilage in a Rat Model

Conclusão


Castrar ou não seu rato de estimação é uma questão muito pessoal que tem muitos fatores envolvidos. Cada pessoa deve tomar esta decisão sozinha e com base em bastante conhecimento. Por isso, esta matéria ficou bastante longa, de forma a expor todos os prós e contras da castração.


Minha opinião pessoal

Embora eu concorde que as ratas castradas tendem a ter menos tumores mamários do que as integras, eu não sou a favor da castração precoce, por um possível problema que o animal possa ou não ter. Ao meu ver o risco supera os possíveis benefícios. Por ser uma cirurgia muito invasiva, os ratos serem animais bem pequenos e o pré operatório muito problemático, prefiro fazer a castração em fêmeas apenas caso apresentem algum problema, onde para mim, o problema maior com tumores, são os hipofisários e em questão destes, a redução de possibilidade de terem o tumor é muito baixa.

Sempre que qualquer animal é submetido à anestesia geral, existe o risco de perder esse animal durante a cirurgia, por isso, prefiro ter meus animais comigo pelo maior tempo possível, do que correr o risco de perder eles jovens por conta de uma cirurgia desnecessária no momento.




 
 
 

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© 2019 por Renata Pagliarini - Fanratics Rattery. 

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